A iminência de uma seca severa ameaça a safra de cana-de-açúcar no Brasil, levantando preocupações sobre a oferta global de açúcar. Chuvas fracas nos meses de março, abril e maio devem comprometer a qualidade da cana que as usinas colherão no segundo semestre, alertou Plinio Nastari, presidente da Datagro. O período seco no início do ano já forçou um adiamento no início da colheita, com consequências diretas para a produtividade dos canaviais, que tendem a diminuir abruptamente mais tarde.
Para o mercado de açúcar bruto, essa situação é especialmente preocupante, já que o Brasil aumentou sua participação nas exportações globais devido às restrições de embarques da Índia, o segundo maior produtor. Com estimativas indicando uma possível queda na produção brasileira, a oferta global pode enfrentar um déficit significativo a partir de outubro. Ricardo Alves, trader sênior da Raizen, destaca que a Índia também enfrenta desafios em sua colheita, o que pode agravar ainda mais o cenário.
Apesar do uso reduzido da cana para a produção de etanol, o que pode amenizar o impacto na oferta de açúcar, os riscos climáticos persistem e podem resultar em revisões ainda mais baixas das previsões de safra. Guilherme Correia, trader da Louis Dreyfus, ressalta a interdependência do Brasil como principal fornecedor global de açúcar e destaca que qualquer adversidade na safra brasileira terá repercussões nos preços internacionais. Diante desse cenário, os mercados permanecem atentos às condições climáticas e suas consequências sobre a produção de açúcar no Brasil.
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