Em entrevista exclusiva à CNN, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), destacou a necessidade urgente de uma reorientação nas decisões econômicas do país, sob pena de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não conseguir garantir uma candidatura “forte” em 2026. De acordo com Motta, a estabilidade econômica será um fator determinante para a próxima eleição, e sem ela, as perspectivas para o futuro político do atual mandatário são incertas.
Motta ressaltou que o governo federal precisa urgentemente revisar sua postura em relação à gestão econômica. “Não há crescimento do país com caos econômico. O governo erra quando se distancia dessa agenda”, afirmou, evidenciando que a ineficiência no manejo das finanças públicas, somada à pressão do cenário internacional, pode comprometer a estabilidade necessária para sustentar o governo até as eleições presidenciais de 2026.
Em relação à reforma da renda, o presidente da Câmara expressou sérias preocupações sobre a falta de clareza quanto à compensação fiscal da medida. “Sem saber a compensação, não podemos avançar em temas dessa magnitude. A responsabilidade fiscal deve ser a prioridade, e o Congresso está vigilante quanto a isso”, afirmou.
Para Motta, o governo precisa ser “muito específico” sobre os efeitos fiscais das reformas, para evitar resultados negativos como os observados no final de 2024, quando um pacote de corte de gastos foi aprovado sem trazer os efeitos esperados para a economia.
Outro ponto de destaque na entrevista foi a posição do presidente da Câmara sobre a regulamentação das redes sociais. Motta foi enfático ao afirmar que o Supremo Tribunal Federal (STF) não deve se envolver nesse tipo de discussão, que, segundo ele, deve ser tratada exclusivamente no âmbito do Congresso Nacional.
“A regulamentação das redes sociais é uma pauta que deve ser discutida na Câmara e no Senado, e não no STF”, afirmou, destacando a necessidade de uma abordagem legislativa mais democrática para temas de grande impacto social.
Quanto ao projeto de lei da Anistia, Motta afirmou que ainda não há uma decisão final sobre sua inclusão na pauta da Câmara. O projeto visa conceder perdão às pessoas investigadas por envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023. “Estamos tratando esse assunto com muito cuidado e ouvindo todos os partidos antes de tomar qualquer decisão”, disse.
Em relação à tributação, o presidente da Câmara mostrou-se contrário a novos aumentos na carga tributária, um tema que tem gerado resistência no Congresso. “O Congresso já fez a sua parte em relação à tributação, e aumentar os encargos fiscais não é a solução para os problemas econômicos do país”, afirmou.
Por fim, quando questionado sobre a Lei da Ficha Limpa e a inelegibilidade de ex-presidentes, Motta considerou o período de oito anos um “tempo extenso”, ao comentar sobre a possibilidade de Jair Bolsonaro (PL) disputar a eleição presidencial em 2026. “Oito anos são quatro eleições, um período muito longo na minha avaliação”, concluiu.
Em resumo, a entrevista de Hugo Motta reforça a ideia de que, sem uma reestruturação eficaz da economia e com a crescente pressão do cenário político e fiscal, o governo Lula enfrentará desafios significativos para manter sua popularidade e competitividade nas próximas eleições. O presidente da Câmara se posiciona como um defensor da responsabilidade fiscal e da eficiência administrativa, indicando que o futuro político do país estará diretamente ligado à estabilidade econômica.
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