Grupo por trás de entidades que faturam R$ 56 milhões por mês com descontos sobre aposentadorias do INSS acumula patrimônio e influência
São Paulo — Em um cenário de opulência que contrasta com a realidade dos aposentados brasileiros, líderes e executivos das principais entidades envolvidas na polêmica dos descontos sobre aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) têm sido flagrados em um estilo de vida extravagante. Mansões milionárias, apartamentos nos bairros mais luxuosos de São Paulo, carros de alto padrão e laços estreitos com figuras políticas compõem o dia a dia desses empresários.
As entidades em questão, como a Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec) e a União dos Aposentados e Pensionistas do Brasil (Unsbras), entre outras, mantêm convênios com o INSS que permitem o desconto direto das mensalidades associativas nos benefícios dos aposentados. No entanto, milhares de processos judiciais acusam essas associações de fraudar filiações e lesar os aposentados.
Recentemente, após investigações que revelaram o padrão de vida luxuoso dos envolvidos, o diretor responsável por autorizar esses convênios no INSS foi demitido. O Ministério Público Federal solicitou a suspensão dos descontos e a devolução dos valores aos prejudicados, com base nas denúncias divulgadas.
O Grupo Total Health (THG), dirigido pelo empresário Maurício Camisotti, surge como figura central nesse contexto. Camisotti, ex-dentista que fundou a Prodent e posteriormente vendeu a empresa por R$ 145 milhões, é apontado como líder do THG, conglomerado que controla diversas empresas na área de saúde e seguros, com contratos significativos no setor público.
O patrimônio de Camisotti inclui um apartamento avaliado em R$ 9,2 milhões em São Paulo, além de duas mansões adquiridas em 2021 por R$ 22 milhões cada, em Porto Feliz e no Jardim Europa. Sua frota de carros luxuosos, avaliada em R$ 3,1 milhões, conta com modelos como Mercedes-Benz, Porsche e Lamborghini Urus. Em conjunto, seu patrimônio pessoal ultrapassa os R$ 60 milhões.
Além dos negócios milionários no setor privado, Camisotti e seus associados têm sido mencionados em conexão com contratos públicos controversos, como o da Prevident com o plano de saúde dos servidores públicos federais (Geap). Esses contratos geraram disputas e investigações, envolvendo até mesmo figuras ligadas ao atual cenário político brasileiro.
Os empresários e executivos envolvidos negam quaisquer irregularidades e afirmam que estão adotando medidas como a biometria para garantir a segurança das filiações nas associações. Camisotti rejeita associações com lobistas e políticos do chamado “Centrão”, afirmando que as associações são entidades autônomas com administração eleita pelos associados.
Enquanto isso, a investigação continua a revelar novos detalhes sobre as operações das entidades ligadas ao THG e suas relações com o poder público, alimentando um debate crescente sobre a fiscalização e a transparência nos convênios entre entidades privadas e o INSS.
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