O Corredor Exclusivo de Transporte Coletivo BRT Norte-Sul, em Goiânia, tornou-se um emblemático capítulo na história da gestão pública, revelando uma década de ineficácia e desafios. Sob a responsabilidade do Consórcio BRT Goiânia, composto pelas empresas EPC Construções Ltda. e WVG Construções e Infraestrutura Ltda., as obras iniciaram-se em 2015, com a promessa inicial de conclusão em outubro de 2020.
No entanto, o que era para ser uma solução de mobilidade urbana transformou-se em um aniversário anual de expectativas não atendidas para a população goianiense. Similar a muitas promessas políticas, a entrega efetiva da obra permanece uma incógnita, evidenciando as deficiências da administração municipal.
A Prefeitura de Goiânia, responsável pela via, enfrenta críticas relacionadas à lentidão e à execução diurna da obra, levantando dúvidas sobre a verdadeira vontade política para a conclusão do projeto. A questão das horas extras controversas dos servidores da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) acentua ainda mais as falhas na administração.
O atraso na entrega das últimas sete estações do trecho 2 do BRT Norte-Sul suscita questionamentos sobre a eficácia da gestão municipal. O Consórcio BRT Goiânia entregou 24 das 31 estações do trecho entre os Terminais Recanto do Bosque e Isidória em 31 de dezembro de 2023. As demais estações estão em ritmo acelerado de construção e deverão ser entregues em breve.
Em resposta aos atrasos, o secretário municipal de Infraestrutura Urbana, Denes Pereira, apontou para um acordo celebrado entre a Prefeitura de Goiânia e o Consórcio BRT Norte-Sul. Este acordo, regido pela Lei Municipal 10.963/2023 e pela Câmara de Resolução de Conflitos do Município de Goiânia (Resolve), alegadamente resultou em economia de quase R$50 milhões e garantiu o progresso acelerado das obras, agora com previsão de conclusão.
O trecho 2 do BRT Norte Sul, após diversas gestões, será concluído sob a gestão do prefeito Rogério Cruz. A prefeitura almeja iniciar as obras do trecho 1 em 2024 após o término do período chuvoso. Contudo, a população aguarda ansiosamente a efetiva conclusão de uma obra que destaca os desafios da gestão pública na cidade.
A obra do corredor exclusivo, em seu trecho 2, deverá custar aos cofres públicos um total de R$ 324.912.393,98, representando um acréscimo de R$ 79 milhões em relação ao valor inicial da construção, que era de R$ 245.528.560,26. Ao todo, foram realizados 17 aditivos, sendo o último uma prorrogação do prazo para a entrega até 31 de outubro deste ano. Não houve aumento no valor contratual desta vez, mas sim atualizações monetárias de acordo com a lei, culminando no valor final da obra.
A obtenção do novo prazo ocorreu após um mês de negociação entre o Consórcio BRT Goiânia e a Prefeitura. O prefeito Rogério Cruz atuou pessoalmente na cobrança pelo cumprimento do último acordo, reforçando o compromisso público da gestão.
Em meio a todas essas reviravoltas, o BRT de Goiânia continua a ser um símbolo dos desafios enfrentados pela gestão pública. O futuro da mobilidade urbana na cidade permanece incerto, enquanto a população aguarda uma solução efetiva para seus problemas de transporte. A conclusão desta obra não é apenas uma necessidade infraestrutural, mas um teste de comprometimento e competência da administração municipal para com seus cidadãos.
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