A recente alta nos preços do leite no varejo no Brasil gerou impactos significativos, afetando tanto os consumidores quanto os produtores. Nos primeiros meses de 2023, o consumo de produtos lácteos diminuiu, especialmente em meio à elevação dos preços do leite comum (UHT) nos supermercados. Essa situação agravou a crise que assola os produtores de leite, cujos custos de produção aumentaram, enquanto a rentabilidade despencou.
Os pequenos produtores, em sua maioria, enfrentam uma realidade desafiadora, recebendo, em média, menos de R$ 1,80 por litro entregue aos lacticínios. Entre 2020 e outubro de 2023, o preço pago ao pecuarista aumentou em 38%, porém, os custos de produção subiram ainda mais, atingindo 50%. A produção nacional sofreu com a importação de lácteos de países como Argentina, Uruguai e Paraguai, ampliando a oferta e impactando negativamente os produtores locais.
O governo, diante da queda na produção interna e das reivindicações do setor, implementou medidas emergenciais, como a redução de incentivos aos lacticínios que importam produtos lácteos e a liberação de crédito para cooperativas repassarem a pecuaristas endividados. No entanto, essas ações foram consideradas pouco eficazes por alguns produtores, apontando para a necessidade de políticas mais robustas.
O setor de lácteos não apenas tem peso econômico, sendo o terceiro maior produtor mundial de leite, mas também possui relevância social, empregando cerca de 4 milhões de pessoas em pequenas e médias propriedades. Sem uma política consistente de estímulo à produção, o futuro aponta para uma possível concentração em grandes produtores, deixando de lado os menos eficientes e pequenos lacticínios. O desafio persiste, e a esperança de recuperação em 2024 ainda permanece incerta para muitos produtores de leite no Brasil.
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