A Argentina decidiu oficialmente se retirar da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma decisão anunciada nesta quarta-feira (5) pelo porta-voz da presidência, Manuel Adorni. A medida, segundo Adorni, foi motivada pelas “diferenças sobre a gestão sanitária”, especialmente durante o período crítico da pandemia de Covid-19, quando a Argentina seguiu orientações da OMS sob a presidência de Alberto Fernández.
De acordo com o porta-voz, a administração de Javier Milei considera que a OMS, em colaboração com o governo anterior, impôs um modelo de resposta à pandemia que levou o país a um dos confinamentos mais rígidos da história. “A Argentina não permitirá que uma organização internacional interfira na sua soberania, muito menos em assuntos de saúde”, declarou Adorni, criticando a influência política de alguns estados sobre a gestão sanitária global.
A decisão do governo argentino ocorre em um momento de crescente descontentamento internacional com a OMS, que já havia enfrentado críticas nos Estados Unidos, quando Donald Trump anunciou a retirada de seu país da organização, alegando altos custos financeiros — mais de US$ 500 milhões anuais pagos à entidade. Para a Argentina, a saída da OMS não significará a perda de fundos, já que o país não recebe recursos da organização para sua gestão nacional de saúde. Pelo contrário, a medida visa ampliar a flexibilidade da Argentina para implementar políticas públicas de saúde alinhadas com seus próprios interesses e contexto.
Adorni também destacou que a retirada da OMS fortalecerá a soberania nacional em questões de saúde, permitindo maior autonomia para adaptar as estratégias sanitárias às necessidades específicas da população argentina. “Nosso país avançará com maior independência, sem as limitações impostas por uma agenda internacional, reafirmando nosso compromisso com a soberania em todos os aspectos, inclusive na saúde”, afirmou.
A saída da Argentina ocorre em um cenário global tenso, com especialistas observando que, embora a OMS desempenhe um papel fundamental no enfrentamento de emergências de saúde, como a luta contra doenças transmissíveis e não transmissíveis, a retirada de membros importantes pode impactar a estabilidade financeira da organização e sua capacidade de coordenar ações globais de saúde pública.
Criada em 1948, a Organização Mundial da Saúde tem como missão coordenar respostas a crises de saúde pública, além de atuar na prevenção e vigilância de doenças, com uma equipe composta por mais de 8 mil profissionais. A decisão de países como os Estados Unidos e agora a Argentina pode marcar um novo capítulo na relação entre nações e organismos internacionais de saúde, com potencial impacto nas futuras políticas sanitárias globais.
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