A crise financeira do Instituto Municipal de Assistência aos Servidores (IMAS) não é um problema recente, mas sim resultado de anos de gestão inadequada e interferências políticas. Ao longo do tempo, o órgão careceu de profissionais técnicos capacitados para liderar sua administração, sendo frequentemente alvo de indicações políticas que priorizavam interesses partidários em detrimento da expertise técnica necessária.
Essa falta de profissionalismo e experiência na condução do IMAS contribuiu significativamente para a situação atual, com déficits orçamentários crescentes e uma dívida que só aumenta a cada ano, atualmente ultrapassando a marca de R$ 220 milhões.
Um relatório produzido pela Universidade Federal de Goiás (UFG) revelou a grave situação financeira do Instituto Municipal de Assistência aos Servidores (IMAS), em Goiânia. De acordo com o documento, o déficit orçamentário do IMAS cresceu quase 918% em três anos.
Entre os anos de 2020 e 2022, o déficit orçamentário do instituto aumentou de forma alarmante, passando de R$ 5,1 milhões para R$ 52,2 milhões. Esse crescimento foi acompanhado por uma queda de 96% na receita da instituição. Esse cenário preocupante levou a uma análise detalhada da gestão financeira do IMAS, destacando a necessidade urgente de revisão das despesas e receitas da entidade.
O presidente do IMAS, Marcelo Marques Teixeira, reconheceu a gravidade da situação e afirmou que o instituto já iniciou um processo de modernização para atender às recomendações da Universidade. No entanto, ele ressaltou que diversos fatores contribuíram para o aumento do déficit, incluindo o envelhecimento da população usuária dos serviços do IMAS e os impactos financeiros da pandemia de COVID-19.
A ausência de uma equipe técnica qualificada comprometeu a eficiência na gestão dos recursos do instituto, resultando em decisões financeiras desfavoráveis e falta de transparência nos processos administrativos. Além disso, a presença excessiva de comissionados sem experiência relevante no setor de saúde agravou ainda mais a situação, impedindo a implementação de medidas eficazes para conter o déficit e promover a sustentabilidade financeira do IMAS.
Como resultado, o órgão enfrenta uma crise profunda, com uma dívida que continua a crescer, colocando em risco sua capacidade de atender às necessidades da comunidade e comprometendo a qualidade dos serviços oferecidos aos servidores municipais.
Além disso, o relatório apontou falhas na documentação contábil do instituto e a falta de servidores dedicados à área financeira e contábil. Esses problemas dificultaram o processo de análise e auditoria das contas do IMAS, comprometendo a transparência e a eficiência da gestão financeira da entidade.
Diante desse cenário preocupante, é crucial que medidas urgentes sejam adotadas para reverter o quadro de instabilidade financeira do IMAS. Isso inclui a promoção de uma gestão transparente e baseada em critérios técnicos, a redução da interferência política na nomeação de cargos-chave e o fortalecimento das equipes com profissionais capacitados e experientes. Somente por meio de uma abordagem responsável e comprometida será possível conter o crescimento da dívida e garantir um futuro sustentável para o Instituto Municipal de Assistência aos Servidores.
A vereadora Kátia Maria (PT), presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Goiânia, manifestou preocupação com a possibilidade de mudança na natureza jurídica do IMAS e convocou o presidente do instituto para prestar esclarecimentos sobre o relatório.
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