Por 5 Pontos – Em um marco inédito para o sistema prisional brasileiro, um detento da Penitenciária Coronel Odenir Guimarães (POG), localizada em Aparecida de Goiânia (GO), defendeu sua tese de doutorado de dentro do presídio na manhã desta segunda-feira (20). A apresentação ocorreu por meio de videoconferência, com banca avaliadora da Universidade Federal de Goiás (UFG).
A Polícia Penal de Goiás confirmou que esta é a primeira defesa de tese de doutorado realizada por um preso no estado, destacando o caráter educativo e de ressocialização do feito. O homem, cujo nome não foi divulgado por questões de segurança, apresentou seu trabalho interdisciplinar, que integra artes visuais, computação e museologia.
Trajetória acadêmica e reviravolta no percurso
Graduado em Design Gráfico e mestre em Cultura Visual pela UFG, o detento iniciou o doutorado em 2020, quando ainda estava em liberdade. Em agosto de 2023, foi preso por crimes de natureza sexual, mas obteve autorização judicial para continuar os estudos remotamente, com apoio técnico e logístico da Polícia Penal.
A defesa ocorreu em uma sala adaptada dentro do Colégio Estadual Dona Lourdes Estivalete Teixeira, instituição que funciona dentro do complexo prisional. O evento contou com a presença de servidores da unidade e acompanhamento da equipe pedagógica.
Educação e ressocialização
Segundo a Polícia Penal, o caso simboliza o potencial transformador da educação no processo de ressocialização. O detento participa de atividades educacionais e laborais regulares dentro do presídio, o que lhe permite reduzir parte da pena com base na legislação brasileira — que garante a remição de um dia de prisão a cada três dias de estudo ou trabalho.
Especialistas afirmam que a experiência reforça o papel da educação como instrumento de reintegração social, além de mostrar a importância das políticas públicas voltadas à formação de pessoas privadas de liberdade.
Marco para o sistema prisional
Para a direção da unidade, o episódio representa um avanço histórico na valorização da educação prisional. “Acreditamos que o estudo é um dos caminhos mais efetivos para a transformação do indivíduo e sua reinserção na sociedade. Essa defesa mostra que o sistema pode oferecer oportunidades reais de recomeço”, afirmou a Polícia Penal em nota oficial.
O caso ganha destaque não apenas pela singularidade, mas também por lançar luz sobre o acesso à educação no sistema carcerário brasileiro, tema que há anos mobiliza universidades e órgãos de justiça.












Deixe o seu Comentário