Agentes da Polícia Federal realizaram uma operação na última semana, cumprindo mandados de busca e apreensão em endereços vinculados ao vereador Carlos Bolsonaro, do partido Republicanos. A investigação apura suspeitas de uso irregular da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo de Jair Bolsonaro.
Um dos alvos da ação foi a residência de veraneio de Bolsonaro em Angra dos Reis, onde se encontrava o vereador com seu pai. Entre os itens apreendidos estão um celular, notebook, computadores desktop e documentos. A investigação foca no “núcleo político” associado a servidores da Abin, buscando identificar os responsáveis por uma suposta “Abin paralela” que teria sido criada para monitorar adversários políticos, jornalistas e até mesmo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Abin, órgão principal do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin), tem como missão fornecer informações estratégicas ao Palácio do Planalto, visando proteger o Estado Democrático de Direito e a soberania nacional.
Além de Carlos Bolsonaro, estão envolvidos na investigação Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, assessora do vereador na Câmara Municipal; Priscila Pereira e Silva, assessora de Ramagem na Câmara dos Deputados; e Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército cedido para a Abin. Durante a operação, foi apreendido um notebook da Abin na residência de Rodrigues em Salvador. Vale ressaltar que a esposa do militar também é servidora da agência.
O vereador Carlos Bolsonaro é especialmente destacado na investigação devido a mensagens trocadas por Luciana Almeida, as quais, segundo a PF, colocam-no no centro das suspeitas. Nas mensagens, Luciana solicita informações sobre inquéritos relacionados ao presidente e seus filhos. Essas mensagens, obtidas através da quebra de sigilos telefônicos e de mensagens de Ramagem, reforçam a suspeita de que aliados do presidente tinham acesso privilegiado à Abin para obter informações confidenciais.
Ramagem, que é pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro com apoio da família Bolsonaro, é suspeito de ter acobertado a espionagem durante sua gestão na Abin, embora ele negue. A autorização para as buscas foi concedida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, sob alegação de “contrainteligência”.
Os investigadores também apuram se Ramagem, mesmo após deixar a Abin, continuou acessando clandestinamente os sistemas de inteligência do Estado. Outra possibilidade é que ele tenha se valido de aliados na Abin para obter informações. Sete policiais federais que auxiliavam Ramagem na agência foram afastados por determinação do STF.
Em resposta às acusações, o ex-presidente Jair Bolsonaro negou ter recebido informações ilegais da Abin, afirmando que não tinha acesso aos sistemas de inteligência “oficiais” durante seu mandato. Ele também criticou a operação da PF, enquanto seu filho, Eduardo Bolsonaro, chamou a ordem de buscas autorizada por Moraes de “imoral”.
A família Bolsonaro, através de seu advogado Fábio Wajngarten, afirmou que não estava na residência de Angra dos Reis no momento da operação policial, contradizendo informações da imprensa. Essa investigação lança luz sobre possíveis irregularidades no uso da estrutura de inteligência do Estado para fins políticos, levantando questões importantes sobre a transparência e a legalidade das ações do governo anterior.
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